10 setembro 2009

Nacionalização

Para mim este é o nome que marca uma politica comunista extemista e que afasta tanto as pessoas de partidos politicos como o PCP ou o BE.
Ao ouvir alguns debates politicos e algumas pessoas sobre o assunto percebo que esta é a maior critica das pessoas a estes partidos.
Para mim é também uma preocupação, afasta investimento estrangeiro e aumenta o laxismo tipico do funcionalismo público. Sim, senão vejamos quantos organismos públicos dão “lucro”?
Acho que o grande problema de empresas públicas é isso mesmo, estão-se nas tintas para objectivos e os seus gestores (lá colocados pelo governo) recebem sempre os chorudos prémios muitas vezes sem os merecer...
Para que uma qualquer empresa não coloque os preços que quer nos seus produtos temos a concorrência, é ela que faz evoluir as empresas tornando-as mais produtivas. E se esta não existir?
Mas na minha opinião as empresas públicas não devem ser eternamente públicas e penso que faria sentido abrir as portas do mercado para que os privados possam efectivamente concorrer com o estado fazendo-lhe concorrência. Quando temos uma concorrência efectiva privatiza-se, ganha-se dinheiro com isso e apartir deste momento a concorrência faz o resto...
Para mim é simples, a concorrência funciona? Optimo! Deixamos os privados trabalhar e ficamos encarregues com a regulação (que funcione).
Não existe concorrência? Nacionaliza-se e cria-se condições para que haja concorrência,
Enquanto tal não acontece são os cofres do estado que ficam gordos e não os dos privados.
Sim porque a empresa agora pública tem de dar lucro, assim conseguimos duas coisas: não gastar ainda mais dinheiro na empresa e permitir que outra empresa consiga fazer concorrencia (se uma empresa publica dá lucro, uma privada também dará).

A todos os que chegaram até aqui os meus parabéns pela paciência. Isto de tanto ouvir falar de politica dá nisto.

Mas já agora, se leram tudo dêm a vossa opinião.

3 comentários:

Clairvoyant disse...

Seria tudo rosas se fosse assim tão linear. Quais são as minhas dúvidas? Bom, passo a explicar, tentando não complicar:

Prémios chorudos e ordenados obscenos existem tanto no sector público como no privado. Não tenho nada contra, desde que a empresa possa suportar tais despesas. Ter um funcionário bem remunerado é boa parte do que é preciso para o manter feliz. No entanto, os salários dos lugares de topo estão muito desfasados dos restantes. Mesmo que a empresa atravesse dificuldades, não podem ser reduzidos sem o consentimento do funcionário, levando aqui ao conceito de prémio pelos resultados alcançados. Prémios esses, que se a memória não me atraiçoa, são retirados a todos em alturas complicadas, excepto aos gestores e outros tubarões. E se os somarmos, possívelmente trata-se de uma maquia superior ao total dos prémios que seriam pagos aos funcionários dos escalões mais baixos. Sistema furado.

Tanto quisemos concorrência que fomos na cantiga quando se liberalizaram os combustiveis. O resultado foi desastroso. Sem a regulamentação do estado, abriu-se a porta para a cartelização, que todos sabemos existir, mas que para o estado não existe, e de onde tem retirado receitas monstruosas através dos impostos e dos lucros da Galp. Ao invés de se nivelar por baixo, nivelou-se por cima. Sistema furado.

Imaginemos a CP nacionalizada. Seria a desgraça total. Muitos portugueses necessitam desse meio de transporte, onde os preços são mantidos artificialmente baixos por ser um serviço de utilidade pública. Não há ano em que a CP dê lucro. Torna-se portanto uma necessidade do país que mesmo sem lucro, as pessoas possam deslocar-se ao preço que conseguem pagar, alguns ainda assim, com bastante dificuldade. Qualquer privado que tomasse conta da CP não prestaria melhor serviço (por não ter necessidade devido à ausência da concorrência), mas os preços subiriam astronómicamente.

A empresa pública ter de gerar lucros é uma premissa com que qualquer pessoa na posse do seu juízo concorda. Mas não funciona assim. Isto porque a muitos foram colocados por razões políticas, especialmente no que toca às chefias, até recentemente não existia no horizonte do funcionário público o perigo de demissão, e as políticas agora impostas travam o progresso dos que ainda se importam com a sua competência e a qualidade do seu trabalho. Estão criadas as condições ideais para se estarem todos nas tintas. Uns porque não querem saber, outros porque se sentem castrados. Poderás não saber, mas na teoria é possível subir de escalão em 3 ou 4 anos, na práctica só os que possuem padrinhos entre os avaliadores o conseguem. Para os restantes sobra uma espera de 10 anos até terem pelo menos uma revisão salarial.

A minha ultima questão é: ao nacionalizar uma empresa, os funcionários desta não passam a públicos? Corresponderá isto à famosa pescadinha de rabo na boca?

Unknown disse...

Clairvoyant,

O problema da concorrência nos combustíveis é que ela não existe! Existem muitos sectores onde a Galp é a única empresa a operar e na comercialização tem mais de 50%. No entanto nos locais onde há concorrência (venda ao publico), essa já se começa a notar (consegues sem dificuldade pôr combustivel a custar menos 10cent/l). O problema está a refinação.

A CP (que é uma empresa pública) tal como o Metro (que para mim podem ser comparadas com as SCUTS!) são opções que custam dinheiro mas têm "uma causa maior", devido aos seus custos de investimento (linhas, comboios, etc) terão de dar prejuízo mas que ao menos dêem lucros operacionais. Tal como disse, não há concorrência? Fica uma empresa pública.

Agora vejamos a TAP, qual é a razão de continuarmos a injectar milhões quando a concorrência está ao rubro?

Em relação à ultima questão, para mim eles deveriam continuar a ser trabalhadores da empresa. Porque é que os funcionários públicos têm de ser diferentes dos outros? Trabalham mais?

Clairvoyant disse...

Precisamente. Não existe concorrência nos combustiveis pelos motivos que enunciaste. Mas foi-nos vendida essa conversa, tendências modernas de outros países, fazendo muitos de nós esquecer que Portugal não é uma América.

Concordo com a tua leitura das empresas de interesse público e da necessidade de se manterem, apesar dos resultados negativos.

A TAP é um problema que penso ninguém entender completamente. Não se trata de uma empresa à moda antiga, com a maioria dos funcionários tendo 20, 30 ou 40 anos de casa. É um grupo demasiado heterogéneo, numa altura em que as carreiras profissionais são como o Pai Natal. Quem quiser acredita, mas no fundo, para a maioria não existe. Ou seja, não vale a pena estar a tentar homogenizar. As pessoas estão com perspectivas muito variadas, e além de tudo desanimadas. Uns defendem a estrutura da empresa como a sua casa, o seu ganha-pão, outros sentem que não são valorizados e estão-se nas tintas.

Estou a desviar-me, mas é o que acontece quando se aprofundam os assuntos. É fácil para uma empresa alienar um funcionário desmotivado, quando a disponibilidade de mercado oferece uma qualidade média suficiente. Quando a média de mercado se encontra deprimida, sente que é carne para canhão.

Atravessamos uma época em que o pacto social entre trabalhador-empresa foi cancelado. Há 2 ou 3 décadas, as pessoas acreditavam que se fossem úteis à empresa, esta teria um papel paternalista e asseguraria o seu futuro. Isso perdeu-se. A empresa hoje preocupa-se apenas com o lucro imediato, as decisões passam por altas esferas de interesses, onde o ar é demasiado rarefeito para o trabalhador comum. O próprio conceito de recursos humanos é algo que lida com os funcionários como coisas descartáveis. Na práctica, uma das principais funções dos recursos humanos é garantir os interesses da empresa, muitas vezes perseguindo os funcionários. O mercado (mais um termo que eu abomino) é como ir ao McDonald's, comida rápida.

As pessoas sentem-se usadas, a empresa já não é a nossa casa fora de casa (no geral, existem ainda exemplos diferentes). Penso que as empresas estão de costas viradas para os trabalhadores.

Verifico em muitas situações que se anda a tapar o Sol com a peneira, que se quer passar à força uma imagem de equipa unida e solidária, quando toda a gente sabe que isso não existe. Ou pelo menos, não existe como antes.

Por alguma razão os Americanos estão à bastantes anos a promover eventos sociais nas empresas numa tentativa de unir os funcionários. Isso deve-se à sua consciência de que alguma coisa importante e natural se perdeu, e agora passou a ser imposto o relacionamento interpessoal.

Existem problemas que afectam as empresas e cuja origem é interna. Há uma podridão que grassa do topo à base nas empresas. Esta facilidade de divórcio que se encontra a nível profissional e também nos casais, é o reflexo do consumismo.

Portanto, se querias razões para o falhanço das empresas, aqui tens o que me lembrei no imediato. Podes juntar-lhe as novas tendências de gestão, que procuram o seu próprio lucro e sucesso imediato, em vez de zelarem pelos reais interesses da empresa. A empresa também já não pertence apenas a um dono, que comandava os seus destinos, e de onde ganhava o seu pão. Com os accionistas e a pressão para gerar lucros, muitas decisões erradas são tomadas apenas para os satisfazer. A empresa já não é uma coisa para durar como no passado, é uma laranja que se espreme até não dar mais sumo. Quando cair, caiu, e os accionistas vão espremer outra laranja.